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V Jornadas na EPATV

V Jornadas na EPATV

Gatilho da criatividade é sempre sentimento, mas…

“O gatilho da criatividade é sempre o coração ou a emoção, mas se deixarmos que seja só o sentimento, o resultado não é o desejável. O efeito final de uma acção criativa tem de ter algo mais, com inteligência ou razão” — sustentou o letrista e cantor do grupo Mão Morta num debate que assinalou o início das V Jornadas da Criatividade da Escola Profissional Amar Terra Verde — EPATV — no dia 21 de abril.
 
Adolfo Luxúria falava durante um debate em que participou um arquitecto, um psiquiatra e foi moderado pelo professor Arnaldo Sousa, intitulado Conversas à toa, uma iniciativa enriquecida com workshops e exposições de várias vertentes artísticas, de forma a comemorar o Dia Mundial da Criatividade e Inovação.
 
No grande auditório da EPATV repleto, Adolfo Luxúria foi corroborado pelo  arquitecto Tiago do Vale, Psiquiatra Zeferino Ribeiro e pelo moderador Arnaldo Varela de Sousa, autor de poemas que “guarda numa gaveta para depois da emoção os corrigir com mais ponderação”.
 
Para Adolfo Luxúria, “o clic para uma música pode demorar anos, desde o momento em que começa o trabalho e termina a criatividade e não existe uma base científica para a explicar”, ao passo que a arquitectura é “uma arte mais pragmática e tem de dar resposta a um uso e respeitar regulamentos, conjugando valores patrimoniais, históricos e ambientais” — como referiu Tiago Vale.

No entanto, avisou, “não pode haver arquitectura sem criatividade”.
Adolfo Luxúria abordou o constrangimento do acto criativo “gerado por uma folha em branco, perante a qual não se sabe por onde começar. Pode suceder em que vários meses não aconteça nada e em poucos dias se crie um disco”.

Por sua vez, o psiquiatra Zeferino Ribeiro concorda que os artistas ou criadores “são sempre muito atormentados mas o trabalho é intenso e a intensidade tem um preço”.
Todos concordam que a educação, a formação científica, os conhecimentos adquiridos e a vida são aliados da intuição. “Ha sempre razão por trás da criação”.

Se para Adolfo Luxúria a relação próxima do criativo com a loucura “é muito rara”, Zeferino Ribeiro não esconde que muitos criadores artísticos “são egocêntricos, socialmente isolados e inadaptados e sustenta que a razão e emoção não são realidades separadas na ação criativa”. Tiago Vale, acrescenta à emoção ou sentimento “a capacidade do cérebro fazer associações improváveis e é preciso treinar este músculo da criatividade”.

Após o almoço foi inaugurada a exposição Os nossos diferentes “Eus” por Afonso Maltez na sala 4.0 (auditório pequeno) e a Academia de Teatro TIN.BRA apresentou a peça Caixas, onde abordam o tema igualdade!
Ao longo do dia, algumas turmas participaram no workshop de Nézé Felgueiras sobre criação de papel.