O salão nobre da Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela, em Vila Verde, encheu para uma conferência em que se debateu o futuro da Europa. José Manuel Fernandes, antigo autarca de Vila Verde, eurodeputado e novo ministro da Agricultura e Pesca, palestrou, no âmbito do Projeto AQUI HÁ CULTURA!, sobre os desafios que se colocam à democracia na Europa.

José Manuel Fernandes expôs os vários desafios que se colocam atualmente à Europa, desde as alterações climáticas, migração, defesa, economia e Estado Social. Estes mesmos desafios não se circunscrevem só à Europa, pois vive-se num mundo cada vez mais globalizado. “A globalização pode, por vezes, circunscrever-nos em espaços onde nos tentamos fechar” e por isso a tentação do isolacionismo vem como primeira resposta a problemas como as migrações. Mas, para o conferencista, a solução não está aí, pois na Europa existe um grande desafio com a questão da natalidade, que afeta o estado social daí resultando a falta de mão de obra necessária para manter a economia. “Nós temos o dever de acolher”, sublinhou.

Outro grande desafio vem da manutenção de um estado geral de bem-estar na população do velho continente, resultante das diferentes conquistas sociais do século passado que deram bons resultados. “Nós [na União Europeia] representamos 6% da população global mas somos a segunda maior economia do planeta, com 40% da despesa social do planeta”. Nesse sentido, manter este Estado Social representa um grande desafio para as instituições europeias.

Num mundo marcado por uma maior instabilidade, a questão da segurança torna-se, também, importante. “Se nós não conseguirmos responder a estes desafios”, avisou José Manuel Fernandes, os totalitarismos acabarão por triunfar dentro e fora do espaço europeu. As alterações climáticas representam um outro grande desafio que afeta a gestão dos recursos naturais, mas não pode ser “resolvido com nacionalismos”.

Em relação a todos estes problemas, José Manuel Fernandes considerou que a solução está na solidariedade europeia e não no “orgulhosamente sós”. “A palavra que eu utilizo para definir a União Europeia é Paz. A União Europeia nasceu como projeto para evitar novas guerras e foi um sucesso absoluto. Nós damos isso como garantido.”

No final da conferência houve espaço para algumas questões, tendo-se discutido o crescimento do radicalismo, as alterações climáticas, as reformas da União Europeia e a integração da Ucrânia.