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As Fake News como desafio à Democracia

As Fake News como desafio à Democracia

Aqui Há Cultura! recebeu Henrique Monteiro numa conferência sobre noticias falsas, redes sociais e comunicação social

A Biblioteca Municipal Machado Vilela encheu na sexta-feira, dia 12 de abril, para receber Henrique Monteiro, antigo diretor do Expresso e comentador da SIC Notícias e Renascença, para uma conferência sobre “Fake News, redes sociais e comunicação social: desafios para a democracia”. O colóquio, realizado no âmbito do projeto “Aqui Há Cultura!”, incidiu sobre a ameaça que as Fake News representam para a democracia.

O palestrante desafiou o público a pensar sobre o conceito de Fake News, que classificou como “perniciosas”, sublinhando, no entanto, já existirem antes das redes sociais. Lembrou, com humor, alguns exemplos de mentiras e notícias falsas que ocorreram ao longo da História de Portugal. Isto faz das Fake News um problema antigo, mas o verdadeiro problema está no “modo como é tratado pelos mediadores da informação, ou seja, pelos jornalistas”. O jornalismo, explicou o comentador, que antes se posicionava numa área prática preocupada apenas com a verdade factual, passou a posicionar-se cada vez mais no subjetivismo, no sensacionalismo e na narrativa. “A Verdade, que no jornalismo era uma questão prática, passou a ser ensinada nos grandes cursos de comunicação social como uma questão filosófica”.

Neste sentido, a noção de narrativa tomou posse da comunicação social, da política e da sociedade. “Se a verdade e a mentira não existem no jornalismo, tudo é possível”, sublinhou Henrique Monteiro. Isto torna a expressão e o exercício do contraditório cada vez mais difícil, principalmente se ameaçam uma determinada narrativa consensual. Henrique Monteiro salientou que nem os mecanismos como os fack checks parecem dar os resultados esperados e podem também ser eles “enviesados”.

As redes sociais exacerbaram o problema das Fake News porque a sua difusão é cada vez mais rápida e porque se ali se vive no imediato, “não há tempo para pensar”. Está-se cada vez “mais inundado de notícias falsas e as piores são aquelas que nem tempo temos para verificar a sua falsidade”. Falou ainda numa “sociedade de emergência” em que se vive somente entre o “ontem e o amanhã”.

Por isso, torna-se importante saber ouvir diferentes pontos de vista, pois a liberdade de expressão representa uma das maiores conquistas do 25 de Abril. “Nós conseguimos, como sociedade, evitar o confronto mesmo nos momentos mais radicalizados”.

No final houve espaço para o debate, marcado pelo entusiasmo e participação, discutindo-se temas como o futuro do jornalismo e das redações, os possíveis rumos a tomar e a importância da educação.