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Cozinheiros e pasteleiros da EPATV num festim de sabores e muito saber

Cozinheiros e pasteleiros da EPATV num festim de sabores e muito saber

Se fosse a grande portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen a descrever as três jornadas das Provas de Aptidão Profissional (PAP’s) dos 22 finalistas do Curso Técnico Profissional de Cozinha/Pastelaria da Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV) escrevia: “foram três dias iniciais, inteiros, limpos e livres em que habitamos a substância do tempo dos sabores e dos saberes”.

De facto, entre 19 e 21 de julho, os vinte e dois finalistas do Curso Técnico Profissional de Cozinha/Pastelaria da EPATV deliciaram um júri multifacetado através das suas PAP’s.

Com o apoio dos alunos do CEF, Empregados de Bar, no primeiro dia, eles trouxeram os sabores e competências ministradas aos alunos pelos Chefes Rodolfo Rodriguez Meléndrez (Diretor de Curso), Nuno Silva, António Igreja e Américo Silva perante um júri presidido por Sandra Monteiro (Diretora Pedagógica), Chefe José Vinagre (Hotel Meliã), Delfim Filho (Diretor do Hotel Meliã, Braga), Nelson Matos (Diretor do Hotel de Gomariz, Cervães), Camilo Sousa (APORT — Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo), Agostinho Peixoto (Entidade Regional de Turismo Porto e Norte), César Veloso (Chefe do Restaurante Alma d’Eça) e Fernando Silva (Caos drink and Foods), Rafael Oliveira (Feel Travel Minho) e as professoras Anabela Silva e Cláudia Marques.

Três membros do Júri são antigos alunos da EPATV: César Veloso, Fernando Silva e Nélson Matos.
A Diretora Pedagógica estava de “alma cheia”, agradeceu ao júri e à equipa de formação e pediu aos finalistas que “voltem à escola porque ela será sempre vossa. Estamos aqui para vós”.

O Diretor do Hotel Meliã, em Braga, disse que as PAP’s “estão ao nível de qualidade de qualquer restaurante porque qualquer festa ou gala ficava bem servida com as provas aqui prestadas por alunos de uma Escola de enorme referência”.

Delfim Filho sugeriu aos jovens finalistas que continuem “a estudar e trabalhar como eu fiz. Não é problema nenhum. Vós representastes muito bem a vossa escola”.

Por sua vez, Agostinho Peixoto, da Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, deu os parabéns aos formadores e destacou: “foi um ano muito bom, com pratos bem conseguidos que o mundo da restauração pode e deve aproveitar. Este foi um ano impecável. Pensem bem no futuro e sejam felizes. Continuem a aprender porque sois muitos novos. Trabalhem de forma afincada, com alegria”.

Agostinho Peixoto elogiou os jurados que foram alunos da Escola e hoje são empreendedores de sucesso e “não se esqueçam dos vossos formadores e tenham orgulho em dizer que estiveram na EPATV”.
Camilo Sousa, representante da APORT, agradeceu à EPATV e aos alunos pelas provas de elevado nível: “nunca esqueçam a Escola, os vossos formadores que vos deram conhecimentos e carinho”.

JOSÉ VINAGRE: “VAIS SAIR À HORA QUE DEUS QUISER…”

O Chefe do Hotel Meliã, José Vinagre, professor durante 27 anos na EPATV, alertou que a vida “agora não é fácil. Tendes de trabalhar muitas horas. Digo muitas vezes: vais entrar à hora que te mandam e sair à hora que Deus quiser”.

O Diretor do Hotel de Gomariz — onde já trabalham vários antigos alunos da EPATV — destacou a “agradável surpresa que foi proporcionada pelos alunos”, dando os parabéns aos alunos e professores.
Rafael Oliveira destacou a juventude dos finalistas que “tem a vida toda pela frente. O mercado está ávido de vós mas esta profissão precisa de gente que pense a gastronomia e vamos ter de estudar mais para isso”. O responsável pela Feel Travel Minho lembrou a criação de cursos superiores de Turismo — como acontece no Instituto Politécnico de Viana do Castelo — e aconselhou os finalistas a “serem felizes e não se deixarem arrastar pelo marasmo porque têm um potencial enorme”.

O antigo aluno Fernando Silva, gerente de um Restaurante em Guimarães, alertou: “não se esqueçam das vossas origens. Passem por cá. A escola não se esquece de nós e vós não esqueçais a Escola”.
Outro antigo aluno, Nélson Matos, do Hotel Torre de Gomariz, em Cervães, destacou os “vinte e dois pratos fantásticos” e pediu “paciência a partir de agora”, lembrando o seu exemplo quando saiu da EPATV, aos 17 anos, além de “humildade porque muita coisa vai correr mal e exige muitas horas de trabalho”.

César Veloso, regressou como jurado, 15 anos depois de frequentar a EPATV e considerou-se “honrado por regressar à EPATV. O futuro pertence-vos. Isto é apenas o começo. Nunca tenham medo de sonhar e chegar à lua. O futuro vai compensar-os pelo vosso esforço e empenho”.

AS VINTE E DUAS PROPOSTAS

De Barcelos veio a proposta final de Tiago Macedo, com uma mousse de chocolate, depois de uma Tortelete do Rodrigo Moutinho, de Freiriz, que vai trabalhar no Café Vianna, em Braga. Antes, o Daniel Ribeiro deliciara os jurados com um pudim Abade de Priscos, alicerçado em 300 gramas de ovos.

Adoçado o paladar dos jurados, a primeira jornada encerrou com um cabritinho de João Pedro Silva a defender a gastronomia minhota, enquanto a Tânia Fernandes (que vai para a Escola de Hotelaria de Turismo de Viana do Castelo) elevou os produtos biológicos, numa “prova irrepreensível”, como disse Agostinho Peixoto.

Eduardo Miranda e Hélder Pereira dedicaram-se à indústria pesqueira portuguesa enquanto Ana Beatriz trouxe uma entrada vegetariana (Raviolis), ao passo que Francisco Grilo e o Tiago Silva se especializaram nos Leites e laticínios. O primeiro, de Chorense, Terras de Bouro, apresentou uma salada de três queijos.

Em seguida, apareceu um belo bacalhau a baixa temperatura, cozinhado pelo Francisco Veloso, de Semelhe, Braga, enquanto Filipe Alberto Silva — de S. Clemente de Sande — preferiu um Welington de atum. Hélder Pereira, viajou de Marrancos, com um Risotto de camarão e a Tânia Ferreira trouxe de Amares um medalhão de boi biológico a que se associou um entrecosto fumado confeccionado por Diogo Magalhães.

No segundo dia, Tiago Silva, apresentou uma massa de três queijos, enquanto a Joana Gonçalves preferiu a gastronomia latino-americana, através de um Guacamole. Eduardo Miranda e Hélder Pereira centraram-se na indústria pesqueira portuguesa, tendo o primeiro brilhado com um belo prato de robalo.
A Marta Martins propôs os jurados um bacalhau com broa, sendo uma Paella à valenciana a receita de Tiago Fernandes. A cozinha italiana esteve representada por uma Massa al nero com camarão cozinhada por Tiago Freitas. Daniela Cunha surpreendeu o júri com um arroz de pato e o Tomáz Ferraz deliciou-os com um lombelo de porco com chocolate.

Nas sobremesas, Letícia Magalhães desenvolveu um Frairie de morango, o Rúben Fernandes elaborou uma Tarde ópera da doçaria francesa. Finalmente, Josué Barros presenteou os jurados com um Coco 3D. A tripla jornada terminou com palmas prolongadas e merecidas, sem esquecer os relatórios científicos que acompanhavam cada PAP.