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Sonhos e dramas do emigrante enchem a Biblioteca de Vila Verde 

Sonhos e dramas do emigrante enchem a Biblioteca de Vila Verde 

O sonho português — Le rêve portugais — inspira uma exposição da autoria de José Machado, estreada em Paris e agora disponível na Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela, em Vila Verde, desde o dia 30 de junho até ao fim de agosto, cuja abertura foi assinalada pela apresentação do livro Saltar Fronteiras, de João Machado. Trata-se de mais uma iniciativa da Escola Profissional Amar Terra Verde e do Município de Vila Verde, no âmbito do projeto “AQUI HÁ CULTURA!”.

A abertura da exposição e a apresentação do livro contaram com a presença de João Luís Nogueira, diretor executivo da EPATV e de Manuel Lopes, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Verde.

Se a exposição de José Machado — composta por dezenas de quadros informativos — nos permite conhecer factos, realidades e acontecimentos da vida de muitos portugueses emigrantes, o livro de João Machado retrata, de forma ficcionada, a odisseia de quatro portugueses que partiram a salto para França, fugindo à guerra colonial.

O Diretor da EPATV alertou, na abertura da exposição, que a mesma nos deve levar a fazer uma “reflexão urgente sobre a emigração de hoje, em que os emigrantes ilegais fogem à guerra, mas lembra, também, o sucesso da emigração portuguesa e o respeito que devemos a quem nos procura”.

O sonho português é “a história de quase um milhão de portugueses anónimos que partiram para França, a salto, fugindo de um país, de uma ditadura e da guerra colonial”.

Após uma visita guiada à exposição, procedeu-se à apresentação do livro Saltar FronteirasDepois de uma breve contextualização das circunstâncias que marcaram a emigração portuguesa ao longo dos séculos XIX e XX, por Arnaldo de Sousa, Fernando Capela Miguel fez a apresentação da obra. Finalmente, João Machado destacou como objetivos principais do seu livro, a homenagem aos nove mil jovens desertores e aos cerca de 20 mil refratários da Guerra Colonial olhados ainda hoje como “cobardes” que continuam “esquecidos e apagados”, a evocação, para que a memória não se apague, dos milhões de histórias ignoradas e com pouca expressão na literatura portuguesa, sem esquecer as mulheres e mães, pelosofrimento e angústia com que viram “os seus filhos ir para a guerra ou emigrar para fugir da miséria”, lembrando “as lágrimas da minha mãe que corriam como rios quando o meu irmão emigrou para França”.

Seguiu-se um participado debate em torno da emigração portuguesa, particularmente a que ocorreu para França nas décadas de 60 e 70 do século passado.