Desenganado pelas duas “bíblias” — a Sagrada e a Soviética — o jornalista José Milhazes afirmou-se, em Vila Verde, como um adepto da social-democracia como melhor forma de governar o mundo, vacinado “contra as utopias que são extremamente perigosas para a saúde”.
José Milhazes falava no sábado, dia 28 de janeiro, no auditório cheio da Biblioteca Municipal Machado Vilela, num debate muito participado e moderado por Arnaldo Varela de Sousa, docente da EPATV — Escola Profissional Amar Terra Verde —, na presença de Júlia Fernandes, presidente do Município.
Arnaldo Sousa começou por agradecer a Manuela Barreto Nunes, Diretora da Biblioteca Municipal Professor Machado Vilela, o convite para participar no encontro, salientando que a promoção de debates pode ser uma resposta eficaz a um momento dramaticamente caraterizado “pela crescente tribalização, potenciada pelas redes sociais e pelo fechamento de grupos em bolhas que perdem respeito pela convivência respeitosa e demonizam o outro que é visto como inimigo”.
José Milhazes recordou a sua infância nas Caxinas, a meio caminho da Póvoa de Varzim, no seio de uma numerosa família de pai pescador, a passagem pelo seminário, a adesão à União dos Estudantes Comunistas (UEC) e a partida para a União Soviética, em 1977, cheio de ilusões que a realidade viria a desmentir.
Passando em revista momentos da ditadura soviética, a falta de liberdade de expressão e de circulação, o difícil acesso a produtos básicos, a violência, a breve ilusão com a abertura de Gorbachev, declarou-se “vacinado contra as utopias que oprimem o homem e não permitem a expressão da individualidade”.
No seu entender, a resposta à revolução, seja de extrema-direita ou de extrema esquerda, é o reformismo, a social democracia.
No que se refere ao momento atual da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, “o nosso país está em guerra, temos de estar conscientes disso e temos de ter dirigentes esclarecidos e determinados”.
Justificando esta afirmação, José Milhazes assegura que “Putin é uma treta e é de extrema-direita, tentando esconder os seus problemas internos com aventuras lá fora”.
No final de um debate muito participado, a presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Júlia Fernandes, agradeceu o privilégio deste debate “nesta casa que está sempre aberta a todos”.
A sessão terminou com uma sessão de autógrafos.