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IV Jornadas da Criatividade

IV Jornadas da Criatividade

Foram diversas as propostas criativas apresentadas, mas foi a tradição que se impôs no primeiro dia das Jornadas da Criatividade, 21 de abril, na Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV), com um momento alto de desgarrada minhota que envolveu a cantora Cláudia Martins e vários intervenientes.

Durante a manhã, foram apresentados por Ana Luís Nogueira, diversos criadores, a começar pela área vídeo: Pedro Gonçalves, da UnBox films, apresentou alguns dos seus trabalhos nas categorias do videoclip, vídeo de moda, documentário, promoção comercial, etc.

Seguiu-se um testemunho emocionante de Mário Pedro Ferreira — com uma história de vida de superação — que elucidou os alunos da EPATV para a vitória dos sonhos sobre as dificuldades da vida, com a sua vasta coleção de pintura e acessórios personalizados. “Na EPATV encontrei todas as condições para seguir este sonho”, através do Curso Técnico Profissional de Design Gráfico que concluiu em 2021.

As Jornadas da Criatividade prosseguiram com a exibição de vídeos de animação e com uma breve apresentação da mostra de discos de Amália Rodrigues por José Moças, responsável pela editora Tradisom.

José Moças evocou a coletânea de 12 discos com gravações de música portuguesa no mundo. A mostra de discos em vinil evoca os 670 LP’s editados no mundo e inspirou um livro, em 2020, com todas as capas dos discos. O novo projeto de José Moças é um livro que pretende juntar Amália Rodrigues e José Afonso.

Fernando Capela Miguel, um colecionador vimaranense de objetos da cultura popular – que é responsável por uma mostra de instrumentos musicais tradicionais portugueses – afirmou que “o povo é o grupo da sociedade portuguesa que mais imaginação tem”, construindo “instrumentos quase feitos do nada”, feitos “pelos próprios cantores” fazendo com que a “música tradicional seja um testemunho geracional”.

Bruno Ferreira – Ezik, ilustrador e graffiter, partilhou alguns dos seus desejos e projetos conseguidos. Em 2019 foi diagnosticado com esclerose múltipla e não considera que seja um obstáculo para ele, uma vez que tem grandes desafios por ilustrar.

A manhã encerrou com uma desgarrada ao som da concertina de Cláudia Martins, dos Grupo Minhotos Marotos, que contou com a adesão dos alunos Diana, Fábio e Micael.

A tarde iniciou-se com a participação de Marylise Ferreira, licenciada no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que se dedica à ilustração e para quem a criatividade tem destaque –“é valiosa, útil e realizadora”, conclui. A ilustradora com o nome artístico m.amour tem patente na sala 4.0 da EPATV uma exposição com algumas das suas obras.

Seguiu-se um painel que juntou Arnaldo Sousa, José Moças, Fernando Capela Miguel, Marylise Ferreira, Cláudia Martins e João Luís Nogueira, intitulado de “Conversa à Toa”.

Arnaldo Sousa assegura que quanto “mais conhecimento tens mais é capaz de produzir arte” porque a arte é a “capacidade de criar fora das normas para poder comunicar e de nos recriarmos todos os dias”.

Por sua vez, Cláudia Martins dividiu a criatividade entre aqueles que “gostam e transmitem o que sentem, os que transmitem o que as pessoas gostam ou os que fazem e sentem”.

José Moças profere que a criatividade “depende da paixão e da intensidade, ligada à espontaneidade, ou seja, com tempo, a criatividade atenua a espontaneidade”. Este considerou estas “jornadas absolutamente fantásticas porque nos dão armas poderosas para o futuro”. Por sua vez, Marylise Ferreira desabafou: “saio daqui com o coração cheio”, enquanto o Diretor Geral da EPATV alertou para a dimensão exagerada das “palavras virtuais nas redes, porque as caras, os olhos nos olhos, são comportamentos difíceis e facilitam o insulto e o bullying”, admitindo que a “qualidade não pode estar separada da criatividade”.

João Luís Nogueira pediu aos alunos: “pensem pela vossa cabeça, caminhem com os vossos sapatos porque, quando isso acontece, sois criativos”.

Fernando Capela Miguel deixou um conselho final: “nas artes também se produz muito lixo. Aprendam a ter critério para distinguir arte de lixo. A Arte tem associada o conceito de liberdade e esta conquista trabalha-se”.

Em suma, formulou-se um desejo final: “espero que tenham inspiração para ter novas ideias e criar, sempre”.

A resposta foi dada por Whythallo Neves, aluno da EPATV, com um punhado de canções acompanhadas por ele próprio à guitarra.

As jornadas incluíram ainda, alargado a um segundo dia, Workshops de Desenho Digital, com Bruno Ferreira – Ezik; de NailArt, com a ex-aluna Viviana Macedo; e de Ilustração Digital, com a ex-aluna Diana Abreu – Pudiana. Todas as exposições – Amália no Mundo, Instrumentos Tradicionais Portugueses e M.Amour – estão abertas ao público para a sua visita.