Um Olhar sobre o mundo Amar Terra Verde

Manuel Barros

Diretor Regional do Norte do Instituto Português do Desporto e Juventude

In Revista TER 26

“A verdadeira viagem de descobrimentos consiste, não em procurar novas terras, mas em ver com novos olhos.”
Marcel Proust

Em boa hora, foi tomada a decisão de refundar a Revista TER, passando a ter um âmbito mais global e transversal, de forma a responder às novas dinâmicas e valências do Grupo Amar Terra Verde. Neste sentido, fui honrado com o convite para escrever um artigo, nesta edição da TER subordinada ao tema “O Mundo do Grupo Amar Terra Verde”, que pretende salientar na EPATV, ISAVE, Lazer Vila Verde e EPAJUDA, um novo olhar, sobre este ecossistema educativo.

Um ecossistema que envolve o ensino profissional, o ensino superior, a área do lazer e bem-estar, que tem vindo a apostar, fortemente, na dimensão da responsabilidade social, através do voluntariado e beneficência, que tem sido marcada por um vasto leque de atividade, projetos e programas de grande alcance social e cultural.

Falar deste mundo, com mais de duas décadas, é revisitar uma história que tem vindo a crescer de forma sustentada, na ambição e na utopia, que dão corpo e dinâmica às iniciativas de um tempo, que faz acontecer abrir perspetivas de futuro. Dinâmicas que já vão muito para lá dos primeiros “20 Anos d’Amor e Paixão”, cadenciadas pelo trabalho, pela vontade de construir e liderança, de um projeto educativo que se afirmou no setor da formação profissional, no panorama regional e nacional.

Uma oferta formativa de qualidade, norteado pelo objetivo de atingir a excelência. Uma responsabilidade sustentada na construção de percursos de vida e profissionais com formação humanista suportada pelos valores da solidariedade, da intervenção comunitária, da produção de conhecimento e da capacitação empreendedora das empresas, dos serviços, da economia social e do meio em que a EPATV e, agora o Novo ISAVE, a Lazer Vila Verde e a EPAJUDA, desenvolvem a sua missão.

Uma estratégia a favor de um sistema de educação e formação profissional, moderno e de qualidade, para dotar os jovens das competências necessárias para encontrar emprego numa economia em mutação. Procurando melhorar a qualidade do ensino e da formação, incentivando a criatividade e o espírito empreendedor. Facilitando a aprendizagem em todas as etapas de educação /formação, e aliados a mecanismos e dinâmicas de educação não formal, para a aquisição de competências necessárias, para o mercado de trabalho, onde cada vez mais, “ser empregável é ser competente”. Devendo as competências ser percebidas pelos empregadores.

Pressupõe ainda, uma articulação cada vez mais estreita entre a escola e o mercado, por exemplo, por via da aposta na formação em contexto de trabalho. Um envolvimento dos representantes dos empregadores na elaboração dos percursos formativos), e na orientação das qualificações mercado de trabalho, de forma que os empregadores percebam, o que podem esperar dos profissionais formados nas unidades de formação profissional e superior, que integram o grupo.

Atualmente, a questão da empregabilidade não aparece apenas associada à relação entre o sistema de educação e formação e o mercado de trabalho. Aparece também centrada em duas condições de suporte, que residem nos fatores de inclusão social e na aprendizagem ao longo da vida. Estando o Grupo a adotar um posicionamento, capaz de responder ao novo modelo de crescimento, e um novo paradigma de gestão e desenvolvimento. Uma nova atitude perante dinamismos diferentes, de toda a equipa de trabalho, que resultou do alargamento á dinamização da Lazer Vila Verde, o projeto de Desporto para Todos e à criação de uma Rede Desportiva Local, em parceria o IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude.

Um novo tempo se anuncia, que exige medidas de resposta a novos problemas. A especificidade, o grau de tecnicidade mais exigente, a complexidade científica, o conhecimento dos modelos de gestão e o processo político, caraterizam uma ordem emergente. O sistema de ordenamento dos recursos humanos, uma das chaves de resposta aos desafios do aumento da competitividade, do desenvolvimento e da melhoria da produtividade, principalmente pela qualidade estratégica e atualidade da sua formação /qualificação ministrada na EPATV, no ISAVE e em futuras unidades orgânicas a integrar o projeto.

O Empreendedorismo e ensino profissional são duas realidades indissociáveis. A educação constitui uma aposta decisiva, para o futuro da nossa região e de Portugal. Sendo essencial que toda a sociedade esteja empenhada na melhoria da qualidade e das condições de equidade, que são oferecidas para elevar a qualificação profissional. Processo que abrange a formação escolar e profissional, adquiridas nos diferentes níveis de ensino e em diferentes contextos, quer de formação inicial, quer deformação contínua, quer ainda de reconhecimento de saberes adquiridos ao longo da vida em ambientes formais, não formais ou informais.
Neste sentido, o empreendedorismo é um desígnio estratégico, e a criatividade a energia para a construção do futuro, para podermos refundar o ecossistema das novas geração. Uma geração fantástica! Seguramente a mais qualificada de todos os tempos em Portugal. Uma dinâmica, um conjunto de dinâmicas, com enfoque no empreendedorismo, na internacionalização e nas relações transfronteiriças, na empregabilidade, na inovação, na cidadania e na participação, em que a EPAJUDA tem sido uma boa prática.

Nesta perspectiva, a problemática da educação de todos e ao longo de toda a vida não deve ser equacionada unicamente como um desafio escolar, muito embora a existência de processos de exclusão, as desigualdades e injustiças, frequentemente reproduzidos nos percursos escolares, são em si mesmos um obstáculo ao desenvolvimento das pessoas e do país. Trata-se de um importante retoque é colocado a toda a sociedade portuguesa: escolas, empresas, associações culturais, associações empresariais e sindicais, sociedade civil e Estado.
A qualificação dos portugueses abrange a formação escolar e profissional, adquiridas nos diferentes níveis de ensino e em diferentes contextos, quer de formação inicial, quer de formação contínua, quer ainda de reconhecimento de saberes adquiridos ao longo da vida em ambientes formais, não formais ou informais. Uma dinâmica que esta escola profissional tem sabido desenvolver, a avaliar pela quantidade de projetos extracurriculares, que tem implementado e da sua forte ligação ao mercado. Um trabalho que ainda está por fazer, e um espaço para crescer, quer no ensino profissional, quer no ensino superior. Apesar dos avanços que foram concretizados, anunciam uma oportunidade de intervenção para as escolas profissionais. Um trabalho que nunca vai estar terminado.
Sabemos que a educação e formação profissional são sectores decisivos no processo de desenvolvimento dos países e factores importantes de coesão social, consideradas como fonte de renovação das pessoas e das comunidades. Daí que, em face dos desafios colocados pela globalização da economia, pela emergência da sociedade da informação e pelo desenvolvimento acelerado do conhecimento científico e tecnológico, a educação para todos e ao longo de toda a vida, impõe-se a cada indivíduo como um bem de primeira necessidade, para o seu aperfeiçoamento pessoal e profissional.

A experiência das Escolas Profissionais que, à imagem da Escola Profissional Amar Terra Verde, têm construído projectos educativos de sucesso não pode ser negligenciada. A sua experiência assenta consistentemente no diagnóstico local de necessidades de formação e continua no desenho curricular, no planeamento, na organização, no desenvolvimento e na avaliação da formação e do seu impacto nas empresas. Alicerçam a sua actividade no cumprimento de planos curriculares construídos de forma equilibrada entre as vertentes socioculturais e científica, reservando 50% das cargas horárias, para as componentes práticas.
O desenho curricular dos cursos profissionais, assente na lógica da dupla certificação, escolar e profissional, veio a ser replicado, há cerca de cinco anos, nas Escolas Secundárias públicas. Passando a ser o referencial das políticas de educação e formação de natureza qualificante, um processo que criou alguns constrangimentos e o sentimento de concorrência desleal, principalmente nos territórios educativos, onde a diferenciação e a complementaridade, não foram bem conseguidas.
Um tempo de afirmação da escola empreendedora, numa nova ordem social que se vai consolidando num ambiente de conjugação do decréscimo da taxa de natalidade, e de esperança de vida mais longa, fazendo com que as nossas sociedades estejam a envelhecer de uma forma acentuada. Prevendo-se que até 2020, a proporção dos indivíduos idades compreendidas entre os 65 e 90 anos passará dos 16% para os 21% da população total da União Europeia, enquanto a proporção dos 15 aos 24 anos não representará mais do que os 11%.

O empreendedorismo como atitude, filosofia de formação, cultura de iniciativa, uma pedagogia de inovação e de criatividade e uma aprendizagem de autonomia, deverá ser ao nível da escola, um paradigma de incubação de experiências pessoais e profissionais. Uma resposta concreta a um das lacunas do sistema educativo português, sentido por todos e referido num relatório da Comissão Europeia sobre as iniciativas de educação e formação profissional para o desenvolvimento do espírito empreendedor.

Neste contexto, o Conselho Nacional de Educação na publicação “ Estado da Educação em Portugal 2011- a qualificação dos Portugueses, testemunhou que a EPATV “ se assumiu como um centro de intervenção cívica e cultural, um polo de desenvolvimento comunitário e de revitalização do tecido económico e social”, que recentra este novo olhar sobre mundo do Grupo Amara Terra Verde e o futuro do seu raio de ação e o espaço de intervenção, cuja densidade é por demais evidente e muito presente em toda a região:

• Uma rede de cooperação institucional fundada no vasto leque de protocolos e parcerias. Um desígnio estratégico de trabalho de com as escolas públicas de todos os graus de ensino e com as instituições de ensino superior;
• Uma dinâmica de relação com o tecido empresarial, com a atenção contante nas projeções do contexto económico e às necessidades concretas e sobretudo ao interesse dos alunos e à oferta existente na rede escolar, implementando precursos formativos complementar;
• Uma estrutura formativa integrada com os cursos de dupla certificação, a principal aposta da escola a avaliar pelo seu crescimento sustentado. Os cursos de educação formação; especialização tecnológica; formação modular; formação de ativos, e outras;
• Um Sistema de Gestão da Qualidade, realizando anualmente a sua auto-avaliação, centrada nos níveis de satisfação dos atores internos e externos; é membro do da rede do Programa Eco-escola, ostentando a sua bandeira;
• Um programa de formação que regista taxas de empregabilidade excepcionais e trata os seus alunos com respeito pela sua individualidade, centrando o seu processo pedagógico na capacitação e qualificação para o mercado de trabalho, e para o acesso ao ensino superior;
• Um processo educativo que potencia o relacionamento entre as aprendizagens e as potencialidades produtivas do tecido produtivo, que o Conselho nacional de Educação designa, como “ uma lógica isomórfica entre a formação e o mundo do trabalho, dando um sentido prático e de utilidade do trabalho dos alunos;
• Uma visão estratégica que orienta o seu projeto educativo, para a formação integral de bons profissionais que saibam fazer, estar e ser, numa perspetiva de coesão geracional;
• Uma missão que preconiza uma ligação forte com a comunidade, apostando na coesão social e institucional, envolvendo-se em projetos de voluntariado, solidariedade, artísticos e culturais, afirmando-se como agente de desenvolvimento local e regional, integrando uma rede de fomento de pequenos negócios.
No dizer do posfácio do livro, que assinalou os 20 anos deste mundo, a EPATV é “uma marcha que tem o infinito como limite”. Uma ambição que se materializa no vasto leque de áreas e projetos em que, atualmente, como Grupo Amar Terra Verde, adquirindo o estatuto de entidade instituidora do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave – ISAVE. Assumiu a sua continuidade, com uma oferta formativa diversificada, garantindo desta forma a resposta às necessidades reais do território.

O novo ISAVE pretende garantir a funcionalidade duma estrutura do Ensino Superior Politécnico, começando pela adequação das atuais áreas da tecnologias da saúde, com o objetivo de alargar, posteriormente, para outras áreas complementares deste novo projeto educativo. Alargando a sua área de influência a um território mais vasto dando continuidade à área da saúde, alargando às áreas do Turismo e Lazer, Restauração, Gastronomia e Gestão Hoteleira. Incrementando a oferta de licenciaturas na área das tecnologias da saúde, através da Nutrição e Cultura Gastronómica.

Um projeto educativo, que permitirá desenvolver um conjunto de sinergias entre a saúde e outras áreas afins, associadas ao espaço rural, entendida captando investimento e população jovem que poderá prosseguir estudos, sobretudo os que apostam no ensino profissional. Um novo paradigma de gestão de negócios de instituições de ensino superior, com uma forte ligação ao território, à criação de serviços na comunidade de forma a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da comunidade envolvente, relacionadas com os cuidados de saúde e bem-estar, que estão previstas nas estratégias de desenvolvimento dos municípios, que acolhem a descentralização do Grupo EPATV.

Uma instituição privada de ensino superior e investigação aplicada, assente no potencial do território, na natureza, no espaço rural, na valorização dos recursos endógenos e na promoção do empreendedorismo. Novas dinâmicas de empregabilidade e de emprego, geradas através da criação de micro e pequenas empresas, com base no conhecimento, inovação e na investigação, ancoradas numa lógica de sustentabilidade, competitividade e desenvolvimento do território.

Um breve olhar sobre o mundo Amar Terra Verde, que comecei com a nova visão que nos aconselha Marcel Proust, que concluo com as palavras do Prof. Joaquim Azevedo, “ O ensino profissional nasceu, antes de mais de um imperativo ético. Ao concretizá-lo, seguiu-se um caminho novo, uma outra política de educação”.

Perspetiva, que enquadrou o caminho inicial da EPATV, e consubstancia a visão estratégica do Grupo Amar Terra Verde, no processo de construção de um tempo novo. Na entrada no ensino superior, na área do lazer, do bem-estar, da gastronomia e da saúde, com o horizonte da responsabilidade social no centro do seu projeto educativo, de uma equipa muito coesa, competente e determinada em vencer os desafios, marcados por uma cadeia vertiginosa de mudanças.