Ensino a Distância

Júlia Rodrigues Fernandes

Vereadora da Educação, Cultura e Ação Social do Município de Vila Verde

In Revista TER 41

Com a chegada da pandemia, provocada pelo vírus SARS-CoV-2, vulgarmente designado de COVID-19, a sociedade deparou-se com uma alteração abrupta de comportamento e de adaptação a uma nova vida, com máscara, com distanciamento social, respeitando a etiqueta respiratória, sem abraços e encontros… Tudo mudou, todos mudamos.

Também no nosso Concelho, cada um de nós viu-se confrontado com este terrível vírus e, desde então, todos fomos convocados a enfrentar a luta pela vida, com um adversário desconhecido, invisível, traiçoeiro e extremamente perigoso, colocando-nos a todos em risco. As instituições desenvolveram um trabalho extraordinário junto das nossas populações, contribuindo para a tão desejada mitigação da doença, garantindo a normalidade na vida diária das pessoas que servem, minimizando as graves consequências económicas e sociais, tendo uma atitude proativa na procura
de soluções perante esta nova realidade que a todos afeta e na resposta atempada às solicitações por parte de toda a população.

As nossas escolas tiveram que se adaptar a esta nova realidade, aprender a implementar um ensino à distância, com todas as dificuldades e obstáculos que acabam por criar algumas desigualdades entre os alunos, pois temos aqueles que os pais podem ajudar e apoiar com explicações e equipamento informático adequado e os que precisam de ajuda do Estado para o ter.

Aqui, foi fundamental a intervenção do Município, das Juntas de Freguesia, das Associações de Pais e Encarregados de Educação, em articulação com os Agrupamentos de Escolas, Escola Secundária e Escola Profissional Amar Terra Verde, garantindo equipamentos informáticos a todos os alunos e placas de internet móvel, para que as aulas não presenciais chegassem a todos e ninguém ficasse para trás.

Com esta nova realidade entranhada e com a certeza que a situação não iria melhorar nos próximos tempos, o Governo avançou com o anúncio da tão famosa Escola Digital, criando a expectativa de que todos os alunos iriam receber um kit tecnológico, com computador e acesso à internet. Foi um sinal de esperança, mas que, afinal, não se concretizou.

Com o incumprimento da promessa e a falha de preparação para a expectável necessidade de regressarmos ao modelo de ensino à distância, o Governo criou dificuldades acrescidas aos alunos e professores, às escolas e famílias e todos os parceiros envolvidos no sistema de educação.

As escolas prepararam-se e criaram planos para responder aos diferentes cenários com que pudessem vir a ser confrontadas no novo ano letivo face aos efeitos da pandemia, mas são naturalmente impotentes perante a inexistência dos equipamentos e dos meios que haviam sido anunciados pelo Governo. Mais uma vez, as autarquias tiveram de assumir as obrigações e competências do Estado Central, procurando minimizar os efeitos do problema.

Os Municípios adquiriram, por sua iniciativa, um considerável número de computadores portáteis e tablets para os alunos que deles precisam. Fizeram-no no ano letivo anterior e voltaram a fazê-lo neste novo ano letivo. Desta vez, os pedidos triplicaram e a situação criou dificuldades acrescidas. Numa corrida contra o tempo, o Governo poderia ter delegado e contratualizado com as autarquias ou com as Comunidades Intermunicipais a aquisição dos computadores conforme as necessidades de cada escola. Essa despesa seria depois apresentada aos Programas Operacionais Regionais que financiam a aquisição centralizada do Ministério da Educação.

Em Vila Verde, o Município adquiriu numa primeira fase 50 computadores e 60 placas de internet móvel para distribuir pelos alunos com Escalão A e B de todos os Agrupamentos Escolares, ESVV e EPATV. Neste segundo confinamento, e pelo facto dos pedidos triplicarem, o Município adquiriu mais 7 computadores, 100 tablets e mais 60 cartões de internet móvel. Além disso,
foram adquiridos 90 computadores através da candidatura apresentada ao PDTC- Plano de Desenvolvimento Territorial, concretamente ao Aviso relativo à Modernização Administrativa para distribuir por todos os Agrupamentos de Escolas.

O Município suporta todas as despesas com produtos de higiene e desinfeção dos espaços escolares, assim como máscaras, tapetes pedilúvio para colocar à entrada de todos os estabelecimentos, termómetros, etc, nos Jardins de Infância e Escolas de 1º Ciclo.

Está a ser garantida a alimentação aos alunos dos escalões A e B que solicitaram este apoio junto dos respetivos estabelecimentos de ensino, bem como aos filhos dos profissionais dos serviços essenciais que recorrem às escolas de acolhimento para garantir os cuidados com os seus educandos neste período específico de confinamento.

O transporte dos alunos – enquadrados no disposto no n.º 3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 3-D/2021, de 29 de janeiro, designadamente para acesso aos apoios terapêuticos prestados nos estabelecimentos de educação especial, nas escolas e, ainda, pelos centros de recursos para a inclusão, bem como o acolhimento nas unidades integradas nos centros de apoio à aprendizagem, para os alunos para quem foram mobilizadas medidas adicionais – está a ser assegurado para os diferentes estabelecimentos de ensino.

Neste período difícil que vivemos é fundamental um trabalho em rede, de articulação permanente entre todos os agentes educativos. O Município de Vila Verde esteve, desde a primeira hora, a acompanhar todo o processo, fazendo a gestão dos recursos existentes, assumindo a ponte com as Escolas, Juntas de Freguesia e Associações de Pais e Encarregados de Educação. As direções das Escolas têm tido um papel fundamental de operacionalização de todo este processo, em ligação estreita também com as autoridades de Saúde, com o Município e com as Juntas de Freguesia. Os professores têm feito um trabalho notável de adaptação à nova realidade, garantindo que o ensino à distância chegue a todos os alunos. O trabalho dos Presidentes de Junta tem sido fundamental neste acompanhamento de proximidade e de atenção permanente a quem mais precisa, e não têm poupado esforços para que todos sejam acompanhados em permanência.

Para que tudo corra bem, não basta dizer, é preciso fazer! O Município de Vila Verde continuará presente e ativo na defesa e na valorização de todos os alunos do concelho e no sucesso do trabalho de todos os que diariamente estão envolvidos no processo educativo. Esperamos que o governo cumpra a sua parte e entregue a todos os alunos os kit tecnológicos prometidos. Não abdicamos de lutar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para proporcionar melhores oportunidades de aprendizagem e iguais condições para todos/as.