Educar para a cidade e DAR cidade à Educação

Epifânia Oliveira, Carla Sepúlveda

Adjunta e Vereadora da Educação, Inovação e Coesão Social do Município de Braga

In Revista TER 43

A Educação pertence à pólis e a pólis pertence à Educação. Este sentido de pertença começa no instante em que o espaço escola se abre à comunidade e vice-versa. Nesta perspetiva, no município de Braga pensamos práticas pedagógicas democráticas, justas, integradoras e inclusivas, contribuindo para a consolidação da participação ativa e democrática. Exemplo desta prática enquanto cidade é o Orçamento Participativo Escolar, o “Tu Decides” e o “Nós Propomos”. São programas direcionados para a comunidade educativa em geral e que permitem às crianças e jovens pensar a cidade e o seu espaço.

Se queremos um poder local centrado na Comunidade e na Educação, temos de encarar as nossas crianças e jovens como principais atores sociais e participantes no contexto da cidade. Uma cidade que somos todos e que é de todos. Almejamos um espaço único e participado por toda a comunidade – uma participação efetiva e geradora de democracia. A escola e a cidade, enquanto elementos estruturantes de oportunidades de vida e de participação em processos de envolvimento e de participação política de crianças e jovens, são uma incubadora democrática e inclusiva.

Numa lógica de ligação fortalecida entre Poder Local, Comunidade e Educação, a dimensão sociológica da participação pública prevalece na criação de boas práticas dirigidas à escola e que proporcionem contextos públicos de codecisão e mobilizadores de discussões atuais sobre as várias vertentes que confluem no espaço cidade. Neste sentido, destaca-se que os elementos de pertença, de direitos e de participação dos mais jovens no espaço público são fulcrais, atendendo-se à natureza situada, multidimensional e ambígua das oportunidades que a cidade gera.

O Poder Local tem realmente uma capacidade única de gerar mudança através da proximidade com a população. Quando estamos próximos, seja em que contexto for, o poder transformador torna-se superior. A proximidade com o território, com as pessoas, com os espaços, com as estruturas da cidade… é o aspeto mais fascinante do poder local. E é “agarrando” esta proximidade e partilha que podemos fazer mais e melhor cidade através da participação democrática de todos. Não obstante, quando falamos em participação, a escola surge como principal espaço promotor de inclusão e cidadania (dois elementos fulcrais para o desenvolvimento da sociedade). Inclusão, participação e cidadania são a tríade potenciadora de territórios cada vez mais democráticos e vocacionados para a concretização e efetivação de boas práticas.

Apraz-me recorrer à tríade de Homero: belo, bem e verdade. São três elementos que associo à cidade participada por todos. A beleza da democracia, o bem da comunidade, a verdade da Educação. Que possamos, em comunidade e através da partilha de boas práticas, educar para uma cidadania participada e inclusiva porque só assim seremos potenciadores de uma mudança social positiva. Porque só assim estamos a educar para a cidade e a dar cidade à Educação.