Ativismo

Sandra Amaral

SOPRO – Solidariedade e Promoção (ONG)

In Revista TER 39

O que é o ativismo? Ao longo dos anos e nos últimos tempos, tendo em conta o panorama atual, ouvimos falar sobre o ativismo. Ativismo na luta pela igualdade entre todos os cidadãos, independentemente da etnia, orientação sexual, género, entre outros aspetos.

O ativismo significa defender algo, independentemente do género, orientação sexual, etnia, nacionalidade, religião, entre outros tantos aspetos. O ativismo deve ser uma ação, individual e/ou coletiva, pelo reconhecimento da igualdade, liberdade de todos os cidadãos em relação ao exercício de todos os seus direitos. E como tal todos nós, como cidadãos de uma sociedade que se quer equitativa e igualitária, devemos agir e lutar pela igualdade, liberdade, justiça para cada um de nós.

«Os/As ativistas vestem-se de várias cores e modos: cores políticas, ambientalistas e climatéricas, sociais, económicas, culturais e humanas; de modo artístico (através da música, pintura, street art, literatura); de modo político ou através da voz e ações de impacto. Além das individualidades, levantam-se também empresas e grandes corporações internacionais, para lutar pela voz das minorias e dos silenciados (o chamado “ativismo de marca”).»

Quando falamos em ativismo, muitas das vezes surgem no nosso pensamento os movimentos feministas, em que nestes são “levantadas” inquietações, reflexões, partilhas e que nos vão fazendo refletir acerca da luta pela promoção dos direitos humanos das mulheres e pela igualdade nas mais diversas esferas da vida.

O que é o Feminismo? Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o Feminismo é um “movimento ideológico que preconiza a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem”.

Com origem no século dezanove (XIX), o movimento começou a ter visibilidade com a saída de mulheres para a rua, na luta pelo direito à educação, ao voto, ao divórcio, à igualdade de salários, ao aborto, entre outros. Tem corrido muita tinta acerca do empoderamento feminino, muito também após o discurso da a atriz britânica Emma Watson em 2014, na sede da ONU, em Nova Iorque, em que abordou o tema do feminismo e igualdade de género no mundo do trabalho.

É necessário fazer uma salvaguarda “A igualdade de género e o feminismo não pedem a superioridade de um sexo sobre o outro. Pedem, sim, igualdade de direitos e oportunidades sem nunca esquecer que, biologicamente, homens e mulheres são diferentes.”, afirma Mónica Canário, coordenadora do HeForShe (é uma campanha de solidariedade que defende os direitos das mulheres iniciada pela ONU em 2014) em Portugal.

Defender os direitos das mulheres “é uma questão de direitos humanos cujo interesse é de todos. Falamos em direitos das mulheres em contraponto com os direitos dos homens porque as mulheres são histórica e sistematicamente discriminadas há séculos. Se o mundo fosse um sítio mais em condições, não teríamos de falar em direitos em função do género, mas apenas enquanto pessoas. Não sendo, temos todos de lutar por atingir esse patamar”, afirma o comediante português Diogo Faro (criador do movimento #NãoÉNormal).

Assim, o feminismo é muito mais do que só e apenas a luta pelos direitos das mulheres, é a luta pela igualdade de género e pelos direitos humanos. Esta

luta tem que ser de todos nós, independentemente do nosso género, devemos abolir os comportamentos sexistas e estereótipos de género, bem como exigir a liberdade de expressão, igualdade salarial, oportunidades, direitos e obrigações em todos os domínios/áreas da nossa vida.

Parte desta igualdade passa pela educação, em que todos nós temos o dever de educar as crianças e os/as jovens sem qualquer distinção de género, nem rótulos preconcebidos. Temos todos de desconstruir modelos há muito enraizados na sociedade e que tendem a ser associados ao facto de se ser homem e/ou mulher, de uma etnia, religião, entre outros.

A SOPRO – Solidariedade e Promoção, no âmbito do Projeto ENVOLVER (cofinanciado pelo POISE-03-4436-FSE-000932 com tutela da CIG–Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género), numa parceria conjunta com os Municípios de Amares, Terras de Bouro e Vila Verde, propôs disponibilizar uma Campanha Escolar Intermunicipal para o ano letivo que irá começar, que contempla um conjunto de ações destinadas à comunidade escolar e educativa na área da Igualdade/Violência de Género.

Esta Campanha destina-se a alunos e alunas dos 2º e 3º ciclos do Ensino básico e do Ensino secundário e consiste na conceção e apresentação de produtos e ações de sensibilização que promovam o estabelecimento de relações interpessoais paritárias e equilibradas, baseadas no respeito mútuo, enquanto condição necessária para a promoção da igualdade de género e eliminação da violência de género nas relações de intimidade. Este conjunto de ações têm por objetivo informar, sensibilizar, intervir e potenciar a mudança positiva de crenças e comportamentos entre crianças e jovens nos domínios da desigualdade entre mulheres e homens e na violência de género.

Homens e mulheres devem intervir mais no mesmo sentido, o da equidade de direitos e deveres. Ficamos todos a ganhar quando o mundo for das mulheres, dos homens, das crianças… Quando formos todos mais humanos! Todo o ativismo saudável – sem violência, sem ódio, sem destruição – deve continuar pelas injustiças e irregularidades da sociedade civil.

Assim, envolva-se na luta pela Igualdade, não consinta nenhum tipo de violência e/ou discriminação.