A ação vem primeiro

Teresa C. Freitas

Fotógrafa e
Instagrammer Criativa

In Revista TER 35

Não sou uma pessoa altamente motivada. Não tenho uma enorme força de vontade. Não acordo às 6 da manhã para ler, meditar ou correr 10km. E também não acordo às 6 da manhã para fotografar só porque sim.

Motivação vem da palavra “movere” – do que nos move. É medida num espectro de vontade – desde zero interesse ao desejo determinado de fazer. A inspiração, por outro lado, é um processo mental que nos encoraja a fazer algo. É vista como o néctar da motivação.

Sabe bem. Sabe bem quando nos sentimos inspirados pelas coisas que outras pessoas partilham, por coisas novas que vemos ou experienciamos, e a partir daí sentirmo-nos motivados para criar. Mesmo quando acabamos por não o fazer.

Mas quando estamos a lutar contra a falta de motivação, tudo soa melhor do que começar a trabalhar, limpar a cozinha ou ir até ao ginásio. Entra a procrastinação – até que acontece o que Steven Pressfield escreve em The War of Art: “At some point, the pain of not doing it becomes greater than the pain of doing it”. Quando se torna mais difícil ficar no sofá do que nos levantarmos e saírmos porta fora.

A verdade é que a motivação, e a inspiração, não são obrigatórias. O melhor conselho que retive e que posso dar: não tens que sentir vontade de fazer uma coisa para conseguires fazê-la. Os teus sentimentos não têm que corresponder às tuas acções. O problema não é que não te sintas motivado ou inspirado; mas sim que penses que precisas de te sentir assim. Qual é o valor do nosso trabalho se só o fazemos quando “nos apetece”?

A acção deve preceder a inspiração e a motivação. A acção vem primeiro. A acção cria inspiração, sorte, criatividade e motivação.

É um sistema de retorno. Inspiramo-nos, e depois fazermos um bom trabalho? Não. Fazemos um bom trabalho, e depois sentimo-nos inspirados.

Em última análise, somos motivados e inspirados pelo prazer que as coisas nos dão e o significado que têm para nós. Todos passamos por momentos mais duros, trabalhamos em coisas que não gostamos, e experienciamos injustiças. O que interessa é se tudo isto faz parte de um esforço para fazer algo que tem significado para nós. Devemos definir-nos por aquilo que estamos dispostos a fazer para atingir um propósito.

Mantém-te focado no que interessa. A inspiração vai aparecer. E se não aparecer? Também não precisas.

Um propósito é melhor do que inspiração.